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Mostrando postagens de abril, 2012

Essas pessoas

Essas pessoas pensam passando pensam amando pensam contestando pensam distraidamente Às vezes esquecem de pensar e falam loucuras suadas noturnas dias estranhos compassados alegrias tortuosas escassas Essas pessoas falam chegando falam repetem comunicam chegadas ou não, tanto faz, Essas pessoas que de outros pensamentos passeiam podem agregar conhecimento podem transformar uma opinião podem ser, a partir de si próprias, outras e ali estar, de modo diverso de antes como agora, ontem e um tempo atrás até chegar, a cada momento, ao jeito da vez ou, talvez, desmotivar, a seu tempo a troca de pensamentos a anular a bela fotografia... assim, cada um, quem diria busca seu lugar, sua via inexorável, o lar. Raquel Abrantes

Sem igual

Por Marcos Eduardo Neves* Que felicidade! Na realidade, perdi a tristeza; senti que a beleza está perto de mim; cheguei lá, no fim, a esperar o começo, sem tremer tropeço, sem medo de nada, a desejar uma amada, cultivando a esperança de ninar tal criança e cuidar como a uma filha, e formar uma família, uma família de dois. E depois... Depois, viver o imaginário irreal, romper fronteiras do bem com o mal em correntezas de carinho, em cascatas de devoção. Aprendendo e ensinando, dormir acordado e acordar já sonhando, chorando e cantando, melodias inspiradas pelo coração. E esse pobre coração, tão fraco e sensível, perceberá o imperceptível: sua essência nua e crua, pura como a lua, quente como o sol, a irradiar brilhos indescritíveis que um dia definirá palavras indefiníveis, e à noite... trará momentos sem igual. *Autor dos livros Nunca houve um homem como Heleno, sobre o jogador Heleno de Freitas ,  e Vendedor de sonhos, sobre o publicitário Roberto Me

Escritor

Por Rafael Linden* e Raquel Abrantes Um lado na sombra, outro na luz intensa. O menino descobre que as palavras que lê ou escreve o trazem de um lado para o outro. Se espanta. Se encanta. Pode voar sobre as palavras. Nadar no mar de letras que despenca da cachoeira de histórias infinitas. Sempre seguindo sua imaginação, essa magia lúdica de criança. E, afinal, entende que tudo o que deseja é perpetuar a sensação da descoberta e o prazer de se entregar às carícias da literatura. Deixa-se envolver pelas águas, às vezes calmas, outras vezes revoltas, das palavras. Assim nasce um escritor... *Outros textos do escritor em   http://www.umcientistanotelhado.blogspot.com.br/

de volta o corpo

Por Juliana Berriel* carnadura proclamada até a última gota. apesar de toda a vestimenta. os gritos curvos, subjacentes, sobrepunham-se vez ou outra à atmosfera deslizante. o que se via não se pensava. e vice-versa. encruzilhada entre o desejo respirante e o enquadramento forçado. ausência desfigurada de si. para onde a mente escapa quando não se quer estar. para a cicatriz que tenta esconder no canto da boca. por todas as línguas que ali repousaram desfilaram se aconchegaram e passaram, inclusive a própria. angústias conscientemente prolongadas, excessos deliciosamente cometidos. desvios que a sensatez, leviana, nos obriga a disfarçar. as falas errôneas gagas entrecortadas pela saliva, pelas pausas, que mais pareciam um lapso para a redenção. tudo perfeitamente fora de lugar. provoca o riso. a retidão forjada provoca o riso. e o movimento acontece, torto. traz de volta o corpo desajeitado, mudo e ainda vivo. * Outros textos da escritora em http://santamatrioska.blogspot.com.br/

Mágico

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Dizem que sou mágico, mas, na verdade, meu poder é apenas sobre o tempo. Sou um metereologista aposentado. Tudo mudou na minha vida quando fui atingido por um raio. Santo raio que me partisse, seria o mais lógico; pelo contrário, me expandiu. Cheguei para agregar tempo à  vida dos moradores. Poderiam eles fazer mais coisas que gostam, se divertir, viver, a partir de um bom tempo. Mandei as chuvas findarem, assim como ordenei o fim das secas. Só não contava que acabasse também a alegria daquelas pessoas, que não sabiam o que fazer em seu tempo livre, por poderem escolher! Elas queriam as histórias das batalhas de cada dia, que preenchiam os momentos sucedidos nos ponteiros do relógio, e apenas um bom instante como recompensa de todo o resto. De que adianta a comemoração da colheita sem o esforço da plantação? E, com tempo ou sem ele, já não cabia aquela intervenção, desmotivada. Era tempo de seguir. Raquel Abrantes

Modinha pra nadar

Por Raquel Medeiros* O mar lá da prainha Dedilha a modinha Qu’ areia quente me soprou O mar lá da prainha Rima sal com as marolinhas Desencaminha qualquer dor E na onda mais torta eu digo Que o mar é seguro e abrigo Pra quebrar o seu pavor Mas o mar é um perigo Ou talvez um doce risco Como todo grande amor * Outros textos da escritora em http://segundaasexta.com.br/
Penso nas vírgulas que deixei de escrever dariam continuidade a uma frase bem estruturada cheia de sentido, completamente eufórica por existir a cada dia, serena e realizada apesar de seus pormenores indesejados sempre estarão lá também, é sabido mas que problema seria esse, tão irrelevante? é mais como uma forma de evitar a perfeição e o medo evidente dos meus próprios defeitos esqueço somente ao ver os erros dos outros o arrependimento, disso bem entendo não há culpa capaz de alterar papel impresso o que, de certo modo, conforta, página a página (lembrando ser possível mudar a letra na próxima) Percebo as influências por mim incorporadas de instantes vividos, coisas novas, desconhecidas passam a fazer parte dos meus rabiscos chego a ultrapassar o nome; conjugo o verbo mesmo ao repetir gostos e olhares e feições antes necessários, agora de bom grado alguns, sinceramente, em grau de nostalgia de fato, são a releitura de um

Búzios

Por Thiago Pinagel Barcellos Bessimo* Passavam barcos passavam crianças passavam Elas passavam rindo como passava a noite. Voltava o barco voltava criança voltava Ela rindo como a noite. Íamos no barco como duas crianças Eu e Ela rindo na noite. *Outros textos do escritor em http://ocadernos.blogspot.com.br/
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Janela é uma coisa batida porque a vista por si só inspira mesmo quem não é poeta e para criar esta moeda de troca da emoção vivida é preciso o outro lado da janela Raquel Abrantes

notícias à-toa

Por Ricardo Pereira* Escreva, ela me pede, é simples, você tem meu endereço, papel, caneta, sei onde os guarda, na segunda gaveta junto dos poemas que não me disse, das fotos que não ficaram boas, lugares que ficou de me levar. Não me fale do que tem ou não saudade, prefiro notícias à-toa, nem boas nem más. Conte-me que hora tem acordado, quero saber se ainda temos os mesmos horários, de que lado da cama tem dormido agora que não a divide mais comigo. Quantos cigarros têm fumado por dia, quanto tempo demora para uma nova poesia e o seu romance – em que pé está? Não esquece de me avisar quando será publicado. Falando em livros o que tem lido? Algum novo autor que mereça ser conhecido? Tem uma livraria perto de onde trabalho, às vezes passo por lá carregando você comigo, meu gosto e o seu foram ficando tão parecidos. Costumo ouvir nossos discos enquanto preparo o jantar, você abria uma garrafa de vinho, eu fazia uma salada de tudo o que a gente gostava, deu vontade de perguntar se tem s