Imanência
A santificação da garrafa de uísque levou a uma empolgação que não cabia mais no apartamento. Era hora de sair. Iridescente como a cortina de miçangas, a dona da casa atravessou o corredor abrindo caminho até a noite, que mal havia começado. Amigos da categoria mais próxima a acompanharam na busca por uma diversão que aliasse todas as expectativas. Nada era claro, endereços, ruas, e nas várias voltas de táxi pela cidade o motorista ficava mais rico. Pararam. O local indicado, completamente vazio, abrandou o efeito da bebida, que antes fervilhava no tórax. Com pouca quantia nos bolsos para prosseguir a peregrinação, o grupo hesitou na travessia. As horas fluíam e a insatisfação alarmava a sede coletiva. Bia, até então, tinha fracassado na tentativa de entreter seus visitantes. À esquina, cintilava uma abertura discreta que chamou pela curiosidade. Bia adiantou-se até o segurança na porta, que arregalou os olhos com a presença daquela mulher que andava por cima do arco-íris.