Galho dançante
Quando notei
o descampado
à minha frente
imaginei
que alguém
como eu
que ali viveu
um dia, durante algum tempo
segundo o momento que vivia
pensou:
quero ficar por aqui
e começou os preparativos
para a nova moradia.
Precisou tratar o chão
arrancou as ervas daninhas
igualou o solo com as mãos
e ferramentas
e máquinas
para criar o fundamento
Colocou um tijolo
e o cimento
depois outro tijolo
até erguer uma parede
formar uma estrutura
uma casa
construir um sonho
uma vida,
já que viver
requer pensar para cima.
Fez uma guarita
colocou as portas
e as janelas
para a entrada e a proteção
do sol e do vento
colocou telha sobre telha
antevendo
tempestades
trovoadas
e abrigou a família.
Embelezou sua vista
para que, a cada amanhecer,
o jardim cultivado
pudesse transmitir
um belo recado:
de flores, de cores, de odores
junto à cadeira de balanço
pendurada no galho dançante
e transpirante no correr do dia
em uma árvore
que precedeu esta
e muitas outras histórias
para divertir as crianças
a maior de todas as alegrias.
Mesmo com as intempéries
da vida em seu curso
do início ao fim
uma família tirou fotografias
guardou folhas pétalas pedras
até o descampado
retornar outro dia,
Quando voltou a ser tratado
de outra forma
onde as famílias da vez
tiveram outros jardins
mais limitados.
Com mais gente,
falta mais espaço,
e a natureza
recria outro tipo de beleza
povoando cada vez mais o mundo
em uma graça mais quadrada
mais restrita
mais apertada
apesar de ainda desejada.
O galho já não dança;
Agora, é a estrutura de ferro
que embala a criança
na oscilação da vida
Na subida
Na descida
Do cavalo ao trem
Do ontem ao além.
Raquel Abrantes
Estou te vendo, embevecida, olhando teu filho. Ou deliro?
ResponderExcluirbeijo
Rafael
Sim, Rafael! Estou embevecida pela vida e pela que pude gerar! Beijos e saudades.
ExcluirQue lindo, adorei ler sua alegria.
ResponderExcluirbeijos
R