Canto
Em cada canto
em cada tanto
tem um tempo
um vento
um momento
um tormento
em cada canto da casa
sem asa
em cada um
em cada dois
em cada três
em cada quatro
dentro de um quarto
um canto
apenas um.
Em cada face
em cada fase
fazendo
de um só
canto
um nó
em cada nada
em cada escada
para baixo
para cima
estagnada
uma hora anda
nem que seja
nos sonhos na cama
que não resiste
cantando os cantos
de alegrias
de tristezas
incertezas
alegorias
o canto do espanto
do desencanto
cantores de dores
de cantos ardores
com a solidão vizinha
carregando o manto
em qualquer canto
a alma, o quebranto
você no seu canto
e eu no meu
e o abandono
de um beijo
uma conversa
uma trégua
um canto transverso
que os males espanta.
cantigas de ninar
para animar o espaço
inconstante, relutante
bem fazer
de mudar de canto
pelo menos quatro
dentro de um quarto
camisa de força
do espaço físico, tísico
visando à libertação
do interior do canto
do ser de dentro
da peculiaridade
de um canto para o outro
pelo desgosto
pelo aperto
pela falta de jeito.
mesmo com
nossas tempestades,
ventem:
que o nosso canto
é a gente.
Raquel Abrantes
Bonita poesia, Raquel. Cante sempre.
ResponderExcluirbeijo
Rafael
Obrigada, querido!
ExcluirAdorei muito este poema, é lindo
ResponderExcluirum grande abraço Raquel
Carlos Orfeu
Obrigada, Orfeu! Abraços
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