O amor
o amor
surge insólito
inesperado
como uma rajada
de vento acalorada
abraçando
os poros arrepiados
num dia de verão
fazendo escorrer
o suor fragrante
bendito do momento
encantado
até a brisa
refrescante
ao entardecer
sombrio de cada ser
pondo à prova
a delícia
dos prévios instantes
ainda indecifrados
de uma conjuntura
misteriosa;
faça sol, está bem
faça chuva, talvez
nas trovoadas
já tão certas
quanto a noite
a magnitude é posta
a um fio
a um sopro
a um não sei
o quanto pode
sustentar-se
num passeio
ao luar oculto
ao mar turbulento
suportável
enquanto pode
enquanto amor
enquanto o ar
movimenta-se
até tornar-se
inerte
perdendo a febre
com a brisa
que despede-se
por sua própria
natureza
inconstante
Raquel Abrantes
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