Quero que o mundo gire
Quero que o mundo gire. José adorava brincar com o globo terrestre que ganhou da madrinha de aniversário. Ele rodava a bola, fechava os olhos e apontava o indicador esquerdo, porque é canhoto. Sempre descobria um lugar diferente, um nome estranho, que tornava cada vez mais vasto seu conhecimento de geografia. E no lugar dos livros, o globo se fez professor e brincadeira, na primeira exploração de mundo do menino.
José começou a se fazer outras perguntas, como o que significavam aqueles nomes que as pessoas deram para pedaços de terra boiando no azul. E suas pesquisas virtuais o levaram a outros cantos, outras dimensões, outras formas de vida. Outros nomes que pensavam, sem aquela inércia estampada da representação. O movimento que fazia o mundo girar era causado por uma pessoa: ele. E as pessoas também ganharam sua atenção. Suas peculiaridades e mundos individuais.
José começou a se fazer outras perguntas, como o que significavam aqueles nomes que as pessoas deram para pedaços de terra boiando no azul. E suas pesquisas virtuais o levaram a outros cantos, outras dimensões, outras formas de vida. Outros nomes que pensavam, sem aquela inércia estampada da representação. O movimento que fazia o mundo girar era causado por uma pessoa: ele. E as pessoas também ganharam sua atenção. Suas peculiaridades e mundos individuais.
Os países já não tinham tanta importância para José, com sua impossibilidade de movimento, de transgressão, de apoio para suas dúvidas. E daí? Não eram nada mais que uma reunião de pessoas. Uma reunião limitada por suas fronteiras, bandeiras, disputas. Mas as pessoas que importavam para José estavam distribuídas por diversos países, o que tornava impossível tomar um partido. E o menino queria fazer o mundo girar... Em sua mente, os países mudavam de lugar, iam e vinham conforme o vento, dando espaço para as personalidades transitarem livremente, até seu encontro, para depois, apenas depois, lembrarem sua nacionalidade. Foi quando ele percebeu que todos os pedaços de terra se misturavam ao girar o globo, e suas diversas cores se tornavam um grande borrão, indefinido, como a natureza do movimento.
Raquel Abrantes
Lindo, lindo seu texto. Quanta delicadeza e perfume neste embebimento e embaralhar de terras e cores e sons e formas e mares e mundos. Acho que todos nós somos um pouco José.
ResponderExcluirbjs
Zé rs
e assim o movimento tornou-se união
ResponderExcluirum beijo
Saudade da distância da terra ate a lua, ida e volta!!
ResponderExcluirAmei ter voltado aqui!
Esse menino me lembrou uma parte da música ouro de tolo de Raúl Seixas que diz :
ResponderExcluir" Porque longe das cercas
Embandeiradas
Que separam quintais
No cume calmo
Do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora
De um disco voador..."
José também não gosta dessas cercas embandeiradas, e movimenta o mundo dele pra derruba las .
Adorei o texto! Especialmente a imagen do mundo girando, provocando um 'borrão'. A mescla de culturas é muito bom!
ResponderExcluirAbraços
Anne
... é isso... o mundo gira pra José e pra outras pessoas e pra outros países e pra outros borrões seja lá de que cor os olhos vêm ou o coração sente...
ResponderExcluir... tô "ROSA" de alegria de te ver "girar"...
Te amo