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Mostrando postagens de setembro, 2010

Vontade

Deixe para lá a vontade, ela de nada sabe; o que tivemos é o futuro do que temos. Passa tudo. Até a vontade. Dedos passam longe da rosa para que sua textura passe longe da epidérmica memória tal qual lápide futura. Olhares sobressaem tão coerentes deveras são na inerte lembrança do não-sentido. O pôr-do-sol acena calmaria... ruídos esparsos na significância apreciada; Suave é o anoitecer. Do precipício ao voo estratosférico, soma pontos a favor a terra flutuante dos singelos prazeres; nem alto nem baixo. Lá, cá, tanto faz apenas contemplo a harmonia. Raquel Abrantes
. Deitei a cabeça na almofada e pronunciei alguns pensamentos. Vi a sombra do lustre no teto, era restrita e esfumaçada, sem força para qualquer destaque. Mas o silêncio me confortava. Fazia o ambiente flutuar entre traços oblíquos, borrões, distorções do presente. Clareava um pouco essa paz. Afinal, as cores também falam... A todo momento precisamos aguçar algum sentido. Raquel Abrantes

zero

as lacunas entram pela veia. Mas o vazio traduz-se por um portal para o incalculável. o zero é uma casa vazia algo reservado para agregar valor nos consente o prosseguimento da contagem por necessidade ou escolha, dependendo do dia. há que o zero não pode ser elevado a ele mesmo, como expoente, num problema paradoxal. expoente zero leva a um e zero a qualquer número é nada Sem solução o zero segue etéreo, eterno, em seu símbolo-corpo Rumo à origem, parte da ausência. Raquel Abrantes
. O que sobro é líquido revolve escorre salgado se espalha arrisca esboços lembra o mar que existe enquanto coisa em si fora as atribuições sentimentais que nada agregam a seu significado enquanto mar avisto sobras de escritos nas areias mas as ondas insistem em desmanchar qualquer reminiscência na inconstância contínua de seu tempo. Raquel Abrantes
. Rugas e tremores da idade Na beleza do tempo que resistiu à vida e na insistência de encontrar sentido nas páginas do jornal no calor da calçada no conforto de um chapéu antigo. Do outro lado da rua o cigarro queima contemplativo, e aquela simples imagem torna o dia simplesmente sublime assim como as páginas do jornal o calor da calçada e o conforto de algo antigo. Raquel Abrantes
. escrevo porque nas letras me vejo nas palavras existo, sendo como sou eu, eu mesma, apareço em frases, versos, parágrafos depende da intensidade da luz como o sol que nasce todos os dias mas pode se ocultar atrás de uma nuvem ou ofuscar o resto do horizonte Raquel Abrantes