Vale
Que cheiro pode um vale exalar se as narinas impregnam o odor corrente, abafando a cada minuto os múltiplos aromas ainda por sentir? Que cheiro pode o vento trazer de tão longe, sem deixar pelo caminho as familiares substâncias da fórmula que a mente recria por um instante Que cheiro posso eu disseminar para abalar o ar em mim envolto abrindo canais para a sensação aromática entre químicas nunca antes inspiradas Que cheiro pode o amor reverberar na sua descontinuidade de efeitos passando de perfumado a inodoro como a rosa que encerra seu ato Aroma que se esvai e leva consigo as inatas sensações ainda por conhecer que o marcante cheiro apagou dos ares no vale onde as fragrâncias se anulam. Raquel Abrantes