Pele
É algo como se as camadas da pele fossem arrancadas uma a uma, similares a páginas de um livro lido, rompendo o trabalho de encadernação. Origens machucadas e reunidas todas ali, apesar de sua falta de função no contexto. Aquele esqueleto exposto, sujeito a alterações químicas, perde a fala em meio aos ruídos da raspagem, a cada milímetro que a lixa avança tentando corrigir suas imperfeições, sem anestesia. O pó responde pela transformação ou retorno a si mesmo, poderíamos dizer, e se espalha pulverizado, ocupando espaço e perdendo o seu próprio. Entre frestas de luz que se abrem inesperadamente, o ar brilha poluído, denso, ganha corpo, para depois se dispersar gradativamente, na medida em que baixa a poeira... até voltar a ser o que os olhos não conseguem ver.
Raquel Abrantes
Raquel Abrantes
Linda esta analogia entre pele e páginas. É verdade, nossa pele traz inscrições, marcas, sulcos, ranhuras, que são produzidas pela linotipia da nossa história em nossa alma.
ResponderExcluirBjs
CEL
Amiga, simplesmente lindo... adorei...
ResponderExcluirSempre soube que escrevia bem...mas nunca tinha realmente lido algo. Me surpreendi com tamanha maturidade e sensibilidade...
Só digo uma coisa: continue...não para nunca de escrever...de compartilhar essa "mente brilhante" com os outros seres mortais!!
Um beijão. Te adoro. Aninha.
O verdadeiro, porém clichê:"O essencial é invisível aos olhos".(Saint-Exupéry).A essência humana está no devir, é a carne,camadas de pele,ossos e o pó, por fim, a liberdade, a essência verdadeira toma seu rumo e nos completa.Libertos,levitaremos da obrigação do ser, 'a insustentável leveza do ser"("..Levitar sobre o peso de viver..."- Paulinho Moska).Novas viagens?Não sei, eu só acredito na liberdade, espero que seja a mais suave das liberdades.Bjão!
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