Insônia
As pálpebras simulam relaxar enquanto reagem com impulsos nervosos a qualquer estímulo externo, seja ruído ou iluminação. O ar fica mais denso no ritmo da respiração compassada entre o tempo de sono perdido. E os músculos concentram seus esforços na base do pescoço, gerando a tensão que o sonho tenta eliminar.
As paredes libertam toda a atividade incapaz de descansar, em meio às inquietações que remetem aos afazeres inacabados, obrigações, compromissos, vontades. Mil tentativas de acomodações frustram minhas intenções de adormecer. Os travesseiros revezam a tão desamparada busca pelo conforto, enquanto a noite fala por todos os cantos da casa.
Ver um filme torna-se uma escolha e aquele livro me chama para ser terminado. Cada página que viro rouba muito mais de um minuto, em proporção desigual para com o tempo. O conhecimento perde para os ponteiros do relógio, e continua procrastinando o dencanso físico. As vantagens de uma e de outra opção, dormindo, acordada, cada qual sabe das suas.
Na certeza de que o sono vence a mente em algum momento, as reflexões ocupam a cama adiando o processo, e as possibilidades de distração surgem predestinadas a trazer alegria em um final de domingo. Entre as cenas dos diversos modos temporais, incluindo os projetados, o objetivo mais urgente perde-se progressivamente... até esquecer o próprio nome.
Durante quatro horas apenas, as influências do meio são traduzidas em pinturas surrealistas de um mundo inatingível, como para apaziguar o curto período de inconsciência, necessário ao corpo na reposição das energias. Dez, nove, oito, sete, seis, cinco, quatro, três, dois, um: grita o ímpeto realizador! Agendado sempre na véspera, tarefa de uma das minhas listas.
As paredes libertam toda a atividade incapaz de descansar, em meio às inquietações que remetem aos afazeres inacabados, obrigações, compromissos, vontades. Mil tentativas de acomodações frustram minhas intenções de adormecer. Os travesseiros revezam a tão desamparada busca pelo conforto, enquanto a noite fala por todos os cantos da casa.
Ver um filme torna-se uma escolha e aquele livro me chama para ser terminado. Cada página que viro rouba muito mais de um minuto, em proporção desigual para com o tempo. O conhecimento perde para os ponteiros do relógio, e continua procrastinando o dencanso físico. As vantagens de uma e de outra opção, dormindo, acordada, cada qual sabe das suas.
Na certeza de que o sono vence a mente em algum momento, as reflexões ocupam a cama adiando o processo, e as possibilidades de distração surgem predestinadas a trazer alegria em um final de domingo. Entre as cenas dos diversos modos temporais, incluindo os projetados, o objetivo mais urgente perde-se progressivamente... até esquecer o próprio nome.
Durante quatro horas apenas, as influências do meio são traduzidas em pinturas surrealistas de um mundo inatingível, como para apaziguar o curto período de inconsciência, necessário ao corpo na reposição das energias. Dez, nove, oito, sete, seis, cinco, quatro, três, dois, um: grita o ímpeto realizador! Agendado sempre na véspera, tarefa de uma das minhas listas.
Raquel Abrantes
otimo :)
ResponderExcluirbjo
Insônia é o estado no qual os demônios se divertem dentro da nossa cabeça. E a primeira coisa que fazem é travar os ponteiros do relógio...
ResponderExcluirAssustado, achando que já estava dormindo, procurei pelas tuas mãos, mas só encontrei o vazio da distância que já ia longe. Tudo ficou tão distante, tudo ficou por fazer como uma árvore de natal em julho. Fui até a sala e sem saber o que fazer reencontrei o cd que ouvíamos ainda nos primeiros anos quando éramos amantes e o vinho aveludava a noite. Pois é, peguei Charles Aznavour e ouvi 'Happy Anniversary' a música que você colocou para mim no dia do meu aniversário no jantar à luz de velas. Isso foi um golpe fatal na minha insônia. Sozinho bebi uma garrafa de vinho e dormi no sofá chorando sobre a sua foto amassada entre meus dedos.
ResponderExcluirum bj
Oi Raquel faz tempo.
ResponderExcluirA insónia.
Por aquele tecto ali suspenso a repousar, e pelas paredes que lhe asseveram o descanso – o seu sítio de imaginar, assim lhes chama –, viaja ele muitas vezes a tentar descerrar os olhos de uma aventura; a destapar as emoções; a provocar as memórias; a soltar-se, porventura à descoberta de novas paragens íntimas e apaziguadoras onde despontem afectos não esquivos; ou, vá lá saber-se, tão-só a coleccionar feitos prodigalizados pela imaginação solitária. Adormece numa curva da viagem. Desperta esquecido do que encontrou.
Um abraço daqui