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Todo movimento começa pela ideia dele que surge embaçada, tímida e se dissipa na neblina Quase um devaneio em sua forma inicial pode parecer inatingível como um sonho Aquela imagem retorna se despede de novo reaparece mais nítida vai ganhando corpo Martela o pensamento desdobra possibilidades torna-se intenção busca alternativas A ideia cria o pensamento A reflexão traça o caminho A intenção lança o movimento E a vontade realiza. Sonhar é essencial. Raquel Abrantes
Um móvel é apenas um móvel ocupa seu espaço na casa na sala, no quarto tem sua função   Um corpo é apenas um corpo ocupa seu espaço na casa na sala, no quarto, no móvel tem sua presença   Uma pessoa é uma pessoa inteira ocupa seu espaço no mundo no pensamento, na memória tem seu valor intrínseco   Na casa, o móvel No móvel, o corpo No corpo, a pessoa intransferível.   Raquel Abrantes
Uns trabalham de casa outros compartilham transporte Uns têm expediente dobrado outros perdem o sustento Uns desprezam o convívio familiar outros estão realmente isolados Uns reclamam do espaço no apartamento outros dividem cômodo lotado nas favelas Uns com mãos ressecadas de sabonete e álcool outros não têm água para a mínima higiene Uns precisam limpar e cozinhar outros não têm o que comer Uns ficam em casa indefinidamente outros moram na rua mais uma vez Contrastes evidentes do mundo na pandemia democrática. Raquel Abrantes
Era sol, areia, mar e em algum lugar do passado tocava, enquanto folhas caíam.  Quatro policiais chegaram junto com a realidade. Raquel Abrantes

Intervalo

Fome do resultado que transforma e sensibiliza a realidade fraca Sede do amanhecer que ilumina e eleva o ambiente interno Curiosidade da forma que toma a natureza de alma liberta Destrancado, outra vez, intensidade e cautela reparam miudezas O beija-flor serelepe enfeita o dia distraidamente... O flerte prolongado renova crenças, vertido em plenitude de sentimento Entre conjectura e ação, o intervalo chega para destacar a essência. Raquel Abrantes

VIDA

Se eu fosse uma borboleta colorida, leve e faceira sobrevoaria as flores do jardim alargaria o sorriso das crianças teria vida breve e bela depois de ter nascido larva e, ainda assim, seria um inseto Se eu fosse um leão grande, musculoso e bravo percorreria toda a floresta protegeria as fêmeas do grupo encantaria pela juba volumosa depois de dormir o dia todo e, ainda assim, seria um predador Se eu fosse um lápis lazúli  precioso, potente e ornamental iluminaria toda a gente traria harmonia e equilíbrio despertaria a intuição superior depois de evitar o sol e a água e, ainda assim, seria uma pedra Se eu não fosse humano imperfeito, inconstante e transitório dispensaria o convívio do mundo deixaria de aprender com a vida perderia a oportunidade de sentir depois de cair e levantar para, somente assim, aceitar. Raquel Abrantes

Tudo isso

O bicho carpinteiro chegou sacudiu poeiras catalogou desordens instalou soluções Começou desassossego por nada entrou nas paredes saiu nas janelas parou na rua Mas voltou mergulhou no tanque se pendurou nos varais Mas voltou percorreu o piso vasculhou armários Pausou na varanda refletiu, acalmou estalidos estruturais desarranjos mentais no constante refazer do agora. Raquel Abrantes